quarta-feira, 10 de junho de 2009

Uma noite de chuvas e goteiras

Começo a escrever sem saber exatamente o quê. O dia não foi dos melhores e a chuva cria um ambiente triste e desconfortante. A mágoa persiste e me remete a lembranças de épocas recentes. Tempos bons, mas sem tempo para tão pouco tempo. Paro para pensar na vida enquanto escuto besteiras na televisão. Ela não dá boas notícias mas é minha única e pior companhia. Penso em pessoas legais que lerão este texto. Elas também não devem ter muito o que fazer. Também devem estar entediadas. Me preocupo em escrever bem. Obedecer pontuações, parágrafos, mas dessa vez não. Dessa vez vou só escrever sem me preocupar com o que pensam ou falam de mim. Que se fodam todos vocês. Paro a pensar num filme triste e em músicas que tenho certeza que foi eu quem escreveu e que, em algum momento, foram roubadas por Bethânia. Um gole de cerveja quente que foi esquecido por horas, um cigarro na mão esquerda e pedaços de cinzas fora do cinzeiro. O ambiente propicia todo e qualquer início de depressão ou crise existencial de um adolescente chato e sem graça. A fumaça incomoda meus olhos e instiga espirros e tosses carregados de catarro de uma gripe mal curada. Que se foda o catarro também. Percebo algumas unhas amareladas e o som de goteiras compassadas no balde que transborda. Meus pensamentos não dão a mínima para elas. Acho que sofro por uma paixão que não é minha e nem sei por quem é. Carência? Não admito que seja, mas seria um perfeito diagnóstico para um ser externo. Gosto de teus cabelos cacheados. Não precisa ficar com receio, eu sou fácil. Também tens bela boca e olhos tímidos. Anota meu número (75 – 8117 0916) nessa folha de papel aí ao lado, me liga. Não sei exatamente se ficarei esperando, mas liga. Também gosto de minha mãe. Não gosto quando ela me pede pra parar de fumar. Que se foda a minha mãe também. Amanhã é aniversário de Lari. Tenho que fazer a barba. Inventar coisas boas para um outro dia de chuva e goteiras.

A bela morena vulgar

Uma semana santa. Começou de forma modesta e controlada, algumas três cervejas quentes para três amigos sedentos por álcool e curtição. Frustração. Velhas caras novas pela cidade, mas nada que chamasse a atenção de um novo solteiro à procura de algo “diferente pra fazer”. A conta dos cigarros fumados já não era mais feita e a apreensão produzia uma saliva fétida em minha boca ao misturar cerveja quente, cigarro e batata frita. A conversa também não era das melhores. A volta pra casa parecia ser a única solução.
A sexta, um pouco mais divertida e muito menos santa, foi marcada por um dia inteiro em frente ao computador. Horas intermináveis no MSN que foram salvas pelo Tribal Wars, um RPG que tem deixado minhas férias da faculdade menos monótonas. Não posso esquecer, claro, das três masturbações que me tornaram um homem menos tenso.
O fim da tarde chegava. A procissão da igreja católica que seguia pelas ruas da cidade já tinha abençoado os incrédulos. Era então a hora de procurar algo bacana pra fazer. Fui salvo pelo celular de minha irmã que anunciava um convite de um amigo para comparecer-mos a um barzinho. Beleza!
A cerveja novamente quente, não incomodava tanto como no dia anterior. Tínhamos uma bela morena á mesa e ela estava me “dando mole”. Tirei a sorte grande, pensei. Ela tinha um rosto bonito e olhos que lembravam olhos de índios, um nariz fino e uma boca tentadora. Usava um vestido colorido que lembrava fitas do Bonfim e um brinco de penas na orelha direita. Ela parecia uma garota bacana. Preocupava-me o fato das três masturbações daquele dia diminuir meu rendimento ao transar com aquela morena, mas fiquei tranqüilo, deixei rolar.
Minutos depois, a tímida morena já me flertava descaradamente e algumas vezes chegava a ser vulgar. Não gosto de mulheres vulgares, elas quebram a empolgação toda vez que abrem a boca pra falar besteiras. O primeiro beijo aconteceu quando estávamos no terceiro bar daquela noite. O beijo dela era bom, supriu todas as minhas expectativas e até me fez esquecer as besteiras ditas por ela anteriormente. Não tinha jeito, a cerveja continuava quente. Durou pouco e em minutos a bela morena levantou de sua cadeira pra dançar um “pagodão” que tocava no fundo aberto de um carro. Vergonha. Meu cigarro tinha acabado e aquela triste cena era um convite a levantar-me da cadeira e comprar mais cigarro. A garota estava bêbada e isso não combinava com seu jeito descontrolado de ser. Que meleca!
De volta à mesa encontrei-a sentada e com a cara fechada. Segundo ela eu não estava lhe dando atenção. Dei-lhe um sorriso com todo sarcasmo que cabe num sorriso e beijei-a novamente. Eu tinha mesmo gostado de seu beijo e como não tinha nada melhor para aquela noite continuei com ela.
A bela morena trocou a cerveja pela coca-cola e logo estaria sendo carregada para casa por seus pais. Um pouco frustrado por não ter transado com ela, mas tranqüilo por saber que ela ficaria tranqüila, eu também. Marcamos um novo encontro no dia seguinte á noite. Teria uma festa de forró num clube da cidade, foi o local escolhido para o encontro.
Cansei de falar nisso. Deu preguiça. Se a vontade de falar na bela morena vulgar voltar, termino o texto depois.