quarta-feira, 4 de junho de 2008

Os seis sentidos para ser gente

Sexo. Ainda sinto o cheiro amargo do prazer abafado por lábios famintos pelo gosto que me faz transpirar. Por uma brecha da janela encostada posso ver vestígios de uma noite sem lua refletidos em teu olhar sedento de prazer enquanto abraça meu corpo molhado que libera o odor de um perfume vagabundo de uma marca qualquer.
Mordes os lábios e acerta-me a cara com a mão, antes delicada, combinada a uma sincronia de movimentos perfeitos. O barulho do choque entre os corpos ainda ressoam quando encontro pedaços de teu corpo sobre o lençol verde de uma cama de solteiro apertada e sem luxo que não nos dá espaço para desgrudarmos um do outro. Juntos, presos, apenas um, dois. Minhas mãos percorrendo seu corpo liso e suado parecem buscar algo inalcançável para simples mãos. Seguro o teu sexo e te faço soltar gemidos que cheiram a pecado.
Os movimentos aumentam. O prazer também. De olhos fechados, sem nenhuma dor, ainda posso sentir o gosto do suor que escorre pelo meu rosto me fazendo suspirar de prazer enquanto sussurra anúncios de gozo em meu ouvido. O cheiro aumenta. O suor dos corpos se torna ainda mais perceptível. Minhas mãos já percorrem o meu corpo em movimentos leves e descarados. Os meus olhos serrados me deixam sentir o gosto do prazer. Minha boca suga a tua pele como se buscasse por sangue quando não consegue mais ficar em silêncio. Gozei.
Então vem o abraço. O beijo desconcertante. Uma camiseta usada numa festa qualquer. Uma água fria de um banheiro sem chaves. Um outro abraço. Um cigarro na janela do quarto, agora aberta. O sono. O abraço. O sono. O beijo. O sono. O sono. O sono. O sono. Acordo.
Olho teu rosto de cansaço de uma noite mal dormida. Escorrego a mão pelo teu corpo. Incomodo-te com meu olhar de fome. Digo-te besteiras no ouvido e então... sexo.